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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

TEATROKÊ



NA DESCIDA AO CENTRO DA TERRA, ESPECTADOR ENCONTRA-SE COM O ELEMENTO FUNDAMENTAL DO TEATROKÊ: "O OUTROKÊ"...
  

   Fiz uma grande descoberta sobre a finalidade daquele objeto estranho vendido pela região da 25 de março e na rua 12 de outubro: uma estrutura de arame com cinco aros circunflexos, unidos em uma das pontas por uma bola do tamanho de uma azeitona grande, colorida, que acende como um pisca-pisca. Ele se encaixa na cabeça de uma pessoa, porém não é boné, nem chapéu. É o quê? E quem gastaria o seu rico dinheirinho para comprar um trem daqueles? Para quê o infeliz faria uma coisa dessas???

Em minha vã filosofia, o que eu não sabia é o mistério que pode haver num “inutencílio” daqueles, que acoplado a uma coroa real, vira o único e prodígioso “capaceteokê”.

Isso mesmo, senhores, eu pessoalmente testemunhei a capacidade detentora daquele instrumento de sabedoria. Explicarei. Uma pessoa da platéia foi chamada ao palco, e a partir daí ela se tornou um “outrokê”, e participou do grande desafio de adivinhar o resultado da operação matemática que outra pessoa da platéia fazia numa enorme calculadora azul. Essa pessoa deveria usar o capaceteokê para transmitir os tais números imensos. Misteriosamente, fucnionou!

Toda essa brincadeira é parte do espetáculo TEATROKÊ, concebido a partir de pesquisas feitas pelo diretor Ricardo Karman. Com maestria, ele concluiu que era hora de, mais uma vez, o público participar, e para isso ele encontrou no ponto eletrônico a forma de fazer o espectador interagir, sair de si dando lugar ao desconhecido OUTROKÊ, o personagem principal deste teatro maluco!

Esses termos tão diferentes - para não dizer estranhos! - dão uma boa idéia de onde essa coisa toda vai parar, o que não dá para prever são os acontecimentos no palco quando algum ser corajoso resolve se lançar nesta aventura inédita. O mestre de cerimônias, o ator Gustavo Vaz, pergunta quem gostaria de participar. Para a minha surpresa, várias pessoas se manifestam e ele escolhe alguém. Pensei que a maioria fosse tímida como eu!

O convidado vai para a coxia, lugar atrás ou na lateral do palco, onde os atores se preparam para entrar em cena. Ele recebe algumas rápidas orientações, veste o figurino e seja lá o que Deus quiser! Com os fones no ouvido, cabe ao outrokê ter a destreza de ouvir e repetir o texto, seguindo as instruções recebidas antes. Com ele, contracena um dos atores do elenco fixo que dará o suporte à cena, sendo nada mais do que um coadjuvante, creio "kê" um COADJUVANTEOKÊ...




INTERVALO

As risadas fluem naturalmente o tempo todo, é tudo muito engraçado, diversão garantida. Quando pensei que iria acabar, pausa para o intervalo. Aí veio a surpresa, talvez a mais elaborada da noite em termos de produção.

A cena do casamento de um dos atores (Daniel Warren, e não Xande Mello como eu havia publicado antes) com uma outrokê, a lua-de-mel e seus 7 anos após a cerimônia, da qual participamos. O padre (Mario de La Rosa) dá ao casal certos conselhos nada convencionais, e o resultado é um Deus nos acuda! 

Não posso revelar os fatos...rs, mas com alguma tecnologia tudo isso aconteceu em poucos minutos. Não estou inventando nada! E só para dar um gostinho de quero ver... tem a cena da mãe que quer se separar do filho, pois a relação dos dois está desgastada (Daniel Warren); a do assalto a um banco de sêmem; a do cara que compra cinco minutos de discussão; tem o homem que conta pra mãe (Vivian Bertocco) que vai se casar mas a noiva é na verdade um noivo; e para fechar a noite, uma entrevista coletiva com o presidente do sindicato dos imitadores do Lula (de novo o Vaz). Dispenso dizer que os atores são pura comédia!

Sem exagero, meu maxilar ficou dolorido de tantas risadas! Havia um cara do meu lado que precisava se conter para não perder a próxima piada - se deixasse, ele continuaria rindo desde a primeira por uma boa meia hora! É muito divertido, vale a pena ver e rever o espetáculo que teve sua temporada prorrogada mais um pouco, até o final do ano para a nossa alegria geral!

A DESCIDA

E não é só isso, não quero alongar o texto, mas tenho que contar que a aventura começou logo na chegada. O lugar é incrível – parece mesmo uma descida ao centro da terra...  deve ser encantado, pois encontrei pessoas muito gentis, coisa rara nas casas de espetáculo a que tenho ido! O pesoal que trabalha lá faz com que cada visitante sita-se muito bem. Primeiro a Angélica, se bem que ela quase me matou de susto quando disse que os ingressos estavam esgotados! Mas prontamente ela se dispôs a repassar o primeiro ingresso, caso houvesse alguma desistência. Foi um parto, rezei muito; deu certo! 

Foi assim que cheguei lá embaixo! E para isso tive que descer 04 lances de escada, numa escuridão total. É perguntado se a pessoa prefere descer de elevador, mas é claro que eu preferi a escada, sem luz e com muita fumaça... clima perfeito para o show!

Com uma lanterna em punho, lá fomos nós escada abaixo, degrau a degrau, com toda segurança, sendo recebidos agora pelo Toninho, o faz-tudo da companhia teatral. Conversamos um pouco, ele me contou que trabalha com Karman há pelo menos 20 anos e viu todo aquele prédio ser erguido. Imaginei quanta história o Toninho não me contou, literalmente!

Também tive a imensa honra de conhecer e bater um papo - rápido, porém extremamente agradável - com o próprio Ricardo Karman, uma pessoa muito atenciosa, que em poucos minutos me deu uma grande aula de teatro e cultura. Essa eu tenho que contar, mas faço questão de elaborar um texto apropriado, quem sabe até mesmo depois de voltar ao Centro da Terra e colher mais algumas informações preciosas.

Acho que vou tomar um cafezinho por lá, afinal “virei freguesa”, somos vizinhos de bairro. O Teatro do Centro da Terra fica no Sumaré, há poucas quadras de casa! Devo declarar que essa novidade eu amei de paixão!
Enquanto eu elaboro um outro texto, você mesmo pode fazer mais algumas descobertas pelos sites
http://www.teatrodocentrodaterra
www.teatroke.com.br

Para quem tem filhos em idade escolar, uma dica é o espetáculo “O ILHA DO TESOURO” ou para quem quer curtir um momento mais reflexivo, tem os “SARAUS” na Taberna, sempre na última quarta de cada mês.

Segue abaixo vídeo para apimentar sua curiosidade. Então... divirta-se!!!

TEATROKÊ
Terças-feiras, às 21h.
Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia)  
Teatro do Centro da Terra Rua Piracuama, 19 – Sumaré – Tel. 36751595

ELENCO FIXO: Gustavo Vaz, Mario de La Rosa, Vivian Bertocco, Xande Mello, Yunis Chami, Daniel Warren.







Talita Godoy
02/09/2010

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